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Imagem: Peter Tscherkassky, dark room

 

Andreia C. Faria. Flúor, 2013. Edições Textura.

 

No regresso, despi-me em frente à minha mãe

A nudez dir-lhe-ia das paisagens,

das fracturas, solitários minerais

que nos ossos se engastam, da viagem

O que ela viu

era pouco mais que o esforço de dunas,

suave e compacto para emergir

do chão, a flora acidental

Pedi-lhe

que me procurasse os flancos,

o ligeiro afundar da anca, ou debaixo

dos braços, o principiar de um vale,

qualquer sobejo de me ter

contornado o mundo, mas também aí

ela sentia a fragrância

impúbere do que já não cresce


Al regresar, me desnudé frente a mi madre

La desnudez le diría de los paisajes,

de las fracturas, solitarios minerales

que en los huesos se engarzan, del viaje

Lo que ella vio

era poco más que el esfuerzo de dunas,

suave y compacto para emerger

del suelo, la flora accidental

Le pedí

que me buscase los flancos,

el ligero hender de la cadera, o debajo

de los brazos, el iniciarse de un valle,

cualquier sobrante de haberme

torneado el mundo, pero también ahí

ella sentía la fragancia

impúber de lo que ya no crece


No regreso, despinme diante da miña nai

A nudez diríalle das paisaxes

das fracturas, solitarios minerais

que nos ósos se engastan, da viaxe

O que ela viu

era pouco máis que o esforzo de dunas,

suave e compacto para emerxer

do chan, a flora accidental

Pedinlle

que me procurase os flancos,

o lixeiro afundir da anca, ou debaixo

dos brazos, o principiar dun val,

calquera sobexo de me ter

contornado o mundo, mais tamén aí

ela sentía a fragrancia

impúbere do que xa non crece

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