Home

 

DEBAIXO DA CHUVA NEGRA

(colagem de três poemas de Radiografía del

temblor, Renacimiento, 2007)

(1)

Encontrei a minha assassina à meia-noite.

De pé junto à cama, em contraluz,

os seus olhos sorriam

como gelo no sangue. Eram os seus lábios

um excesso de sombra, apenas entreaberta;

e todas as minhas palavras

não imitam senão o traço das suas coxas

A cidade e a febre deixaram-nos a sós,

debaixo da chuva negra: “Não te assustes.

vim até cá para matar o tempo

e ver-te copular com o seu cadáver”.

(2)

            [ – a carne

azul e negra do impacto,

o líquido de freios

a escorregar nas coxas – ]

(3)

          – o mundo era

acidente, e o desejo

a estranha cicatriz que nos percorre: vertigem

que abraça os nossos corpos ao tacto do abismo.

BAIXO A CHOIVA NEGRA

(collage de tres poemas de Radiografía del

temblor, Renacimiento, 2007)

(1)

Atopei á miña asasina a medianoite.

De pé a carón da cama, a contraluz,

os seus ollos sorrían

como xeo no sangue. Eran os seus beizos

un exceso de sombra, apenas entreaberta;

e todas as miñas palabras

non imitan senón o trazo das súas coxas

A cidade e a febre deixáronnos a soas,

baixo a choiva negra: “Non te asustes.

Vin até aquí para matar o tempo

e verte copular co seu cadáver”.

(2)

             [ – a carne

azul e negra do impacto,

o líquido de freos

esvarando nas coxas – ]

(3)

           – o mundo era

accidente, e o desexo

a estraña cicatriz que nos percorre: vertixe

que abraza os nosos corpos ao tacto do abismo.

BAJO LA LLUVIA NEGRA

(1)

Encontré a mi asesina a medianoche.

De pie junto a la cama, a contraluz,

sus ojos sonreían

como hielo en la sangre. Eran sus labios

un exceso de sombra, apenas entreabierta;

y todas mis palabras

no imitan sino el trazo de sus muslos.

La ciudad y la fiebre nos dejaron a solas,

bajo la lluvia negra: “No te asustes.

He venido hasta aquí para matar el tiempo

y verte copular con su cadáver”.

(2)

                    [ – la carne

azul y negra del impacto,

el líquido de frenos

resbalando en los muslos – ]

(3)

            – el mundo era

accidente, y el deseo

la extraña cicatriz que nos recorre: vértigo

que abraza nuestros cuerpos al tacto del abismo.

(collage de tres poemas de Radiografía del

temblor, Renacimiento, 2007)

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Imagem do Twitter

Está a comentar usando a sua conta Twitter Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s