Ruth Llana. Tiembla. (Point de lunettes, 2014)
DESEJO DE SER ARQUEIRO
Nasce para ser cavalo hilota e relâmpago e cartão e cheiro e treme terra treme. Nascer para ser sopro de vida hálito, crina ao galope vêm os outeiros em direcção a mim – em direcção a eles nos deslocamos nós, violentamente luzes, escravos. Golpe percutido (dos olhos negros sem sombra).
Respira a pausa por todo destino o que se vai, consolo buscado nos golpes dos cascos contra o pó, mantém a sua memória nos joelhos dos elefantes.
Rio que transcorre, a mão do urso descobre no interior da água (reflexo nos olhos negros do desejo de ser crina e galope, espírito, garra, lontra).
Golpe do solo no entulho, golpe do solo nos pés alongados cem direcção às estrelas (em direcção aos mortos).
Vou em direcção aos mortos, em direcção aos grandes canhões do deserto. As plantas assinalam o lar do nascimento. Para ser, momento antes, medo betão treme.
Desejo, direção, desejo; em direcção onde vou os mortos como lontras disparam os seus arcos, e treme como retrocedo, vou com os mortos com a mesma pele dos pés queimada, uma superfície atrás da outra, atrás da outra a mesma, o mesmo medo, peso que se pronuncia de correr descalço em direcção a mim correm os lugares descalços, em direcção a mim os mortos descalços eu em direcção aos mortos descalço.
DESEXO DE SER ARQUEIRO
Nace para ser cabalo ilota e lóstrego e cartón e cheiro e treme terra treme. Nacer para ser sopro de vida alento, crina ao galope veñen os cerros cara min – cara eles desprazámonos nós, violentamente luces, escravos. Golpe percutido (dos ollos negros sen sombra).
Respira a pausa por todo destino o que se vai, consolo buscado nos golpes dos cascos contra o po, mantén a súa memoria nos xeonllos dos elefantes.
Río que transcorre, a man do oso descobre no interior da auga (reflexo nos ollos negros do desexo de ser crina e galope, espírito, garra, lontra).
Golpe do chan nos cascallos, golpe do chan nos pés alongados cara as estrelas (cara os mortos).
Vou cara os mortos, cara os grandes canóns do deserto. As plantas sinalan o fogar do nacemento. Para ser, momento antes, medo formigón treme.
Desexo, dirección, desexo; cara onde vou os mortos como lontras disparan os seus arcos, e treme como retrocedo, vou cos mortos coa pel mesma dos pés queimada, unha superficie atrás doutra, atrás doutra a mesma, o mesmo medo, peso que se pronuncia de correr descalzo cara min corren os lugares descalzos, cara min os mortos descalzos eu cara os mortos descalzo.
DESEO DE SER ARQUERO
Nace para ser caballo ilota y relámpago y cartón y olor y tiembla tierra tiembla. Nacer para ser soplo de vida aliento, crin al galope vienen los cerros hacia mí – hacia ellos nos desplazamos nosotros, violentamente luces, esclavos. Golpe percutido (de los ojos negros sin sombra).
Respira la pausa por todo destino lo que se va, consuelo buscado en los golpes de las pezuñas contra el polvo, mantiene su memoria en las rodillas de los elefantes.
Río que trascurre, la mano del oso descubre en el interior del agua (reflejo en los ojos negros del deseo de ser crin y galope, espíritu, garra, nutria).
Golpe del suelo en los cascotes, golpe del suelo en los pies alargados hacia las estrellas (hacia los muertos).
Voy hacia los muertos, hacia los grandes cañones del desierto. Las plantas señalan el hogar del nacimiento. Para ser, momento antes, miedo hormigón tiembla.
Deseo, dirección, deseo; hacia donde voy los muertos como nutrias disparan sus arcos, y tiembla como retrocedo, voy con los muertos con la piel misma de los pies quemada, una superficie tras otra, tras otra la misma, el mismo miedo, peso que se pronuncia de correr descalzo hacia mí corren los lugares descalzos, hacia mí los muertos descalzos yo hacia los muertos descalzo.