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daniela gomes in situ

Daniela Gomes

Inês Dias. IN SITU (Lingua Morta, 2012)

IN SITU

Xa nacín mañás así,

a medio milímetro da superficie

do mundo (face do mundo,

corríxesme, por serte aínda posíbel

ollar o abraio nos ollos

e bicalo sen aviso).

.

Medio milímetro de perspectiva

entre a punta da aza e o cemento macerado,

entre a túa pel inqueda e o meu sangue

transformado en viño,

entre o tumor e a metástase.

.

Medio milímetro de urxencia

na memoria de cada célula,

separando a morte e a vida revisitada

antes da morte, de novo e para sempre.


IN SITU

Ya nací mañanas así

a medio milímetro de la superficie

del mundo (rostro del mundo,

me corriges, por aún serte posible

ver el asombro en los ojos

y besarlo sin aviso).

.

Medio milímetro de perspectiva

entre la punta del ala y el cemento macerado,

entre tu piel inquieta y mi sangre

transformada en vino,

entre el tumor y la metástasis.

.

Medio milímetro de urgencia,

en la memoria de cada célula,

separando la muerte y la vida revisitada

antes de la muerte, de nuevo y para siempre.


IN SITU

Já nasci manhãs assim,

a meio milímetro da superfície

do mundo (face do mundo,

corriges-me, por te ser ainda possível

olhar com assombro nos olhos

e beijá-lo sem aviso).

.

Meio milímetro de perspectiva

entre a ponta da asa e o cimento macerado,

entre a tua pele inquieta e o meu sangue

transformado em vinho,

entre o tumor e a metástase.

.

Meio milímetro de urgência,

na memória de cada célula,

separando a morte e a vida revisitada

antes da morte, de novo e para sempre.

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