Roberto Piva. Paranoia. 1963, Editora Massao Ohno
Meteoro
Yo diré las palabras más terribles esta noche
mientras los minuteros se disuelven
contra mi poder
contra mi amor
en el sobresalto de mi mente
mis ojos danzan
en lo alto de Lapa los mosquitos me sofocan
¿qué me importa saber si las mujeres son
fértiles si Dios cayó en el mar si
Kierkegaard pide socorro en una montaña
de Dinamarca?
los teléfonos gritan
aisladas criaturas caen en la nada
los órganos de carne hablan muerte
muerte dulce carnaval de la calle del
fin del mundo
yo no quiero elegías pero sí los lirios
de hierro de los recintos
hay una epopeya en las ropas colgadas contra
el cielo ceniza
y los anuncios luminosos me observan del espacio alucinado
¿cuántos lindos muchachos yo no vi bajo esta luz?
yo gritaba medio loco medio exaltado medio hendido
narcóticos santos oh gato azul de mi mente!
no puedo detener nunca más mis Delirios
Oh Antonin Artaud
Oh García Lorca
con sus ojos de aborto reducidos
a retratos
almas
almas
como icebergs
como velas
como maniquíes mecánicos
y el clímax fraudulento de los sándwiches almuerzos
sorvetes controles ansiedades
necesito cortar los cabellos de mi alma
necesito tomar cucharadas de
Muerte Absoluta
yo no diviso más nada
mi cráneo dice que estoy embriagado
suplicios genuflexiones neurosis
psiconalistas ensartando mi pobre
esqueleto de vacaciones
METEORO
Eu direi as palavras mais terríveis esta noite
enquanto os ponteiros se dissolvem
contra o meu poder
contra o meu amor
no sobressalto da minha mente
meus olhos dançam
no alto da Lapa os mosquitos me sufocam
que me importa saber se as mulheres são
férteis se Deus caiu no mar se
Kierkegaard pede socorro numa montanha
da Dinamarca?
os telefones gritam
isoladas criaturas caem no nada
os órgãos de carne falam morte
morte doce carnaval de rua do
fim do mundo
eu não quero elegias mas sim os lírios
de ferro dos recintos
há uma epopéia nas roupas penduradas contra
o céu cinza
e os luminosos me fitam do espaço alucinado
quantos lindos garotos eu não vi sob esta luz?
eu urrava meio louco meio estarrado meio fendido
narcóticos santos ó gato azul da minha mente!
eu não posso deter nunca mais meus Delírios
Oh Antonin Artaud
Oh Garcia Lorca
com seus olhos de aborto reduzidos
a retratos
almas
almas
como icebergs
como velas
como manequins mecânicos
e o clímax fraudulento dos sanduíches almoços
sorvetes controles ansiedades
eu preciso cortar os cabelos da minha alma
eu preciso tomar colheradas de
Morte Absoluta
eu não enxergo mais nada
meu crânio diz que estou embriagado
suplícios genuflexões neuroses
psicanalistas espetando meu pobre
esqueleto em férias
eu apertava uma árvore contra meu peito
como se fosse um anjo
meus amores começam crescer
passam cadillacs sem sangue os helicópteros
mugem
minha alma minha canção bolsos abertos
da minha mente
eu sou uma alucinação na ponta de teus olhos.