Home
maya deren at land
Imaxe: Maya Deren. At Land

Tamara Andrés. Corpo de Antiochia. Galaxia, 2017



A carne

Desprego o meu corpo

coma unha pomba abre

o seu ante a cicloxénese

da vida.

.

Caen os meus músculos

cara á escuridade en forma

de algas cárnicas e as baleas

acoden ao alimento, mais

un sempre se detén

ante o que xa non fala.

.

O mar intúe que xa chegou

a hora da illa inerte e envolve

os meus filamentos co acubillo

do seu tacto.

.

Cando as baleas lle cantan

ás sereas a cantiga do murchar,

toda a auga retrocede e déixame

a soas

coa súa sede.


A carne

Desprego o meu corpo

como um pombo abre

o seu ante o tufão nascente

da vida.

.

Caem os meus músculos

face à escuridão em forma

de algas de carne e as baleias

acodem ao alimento, mas

um sempre se detém

ante o que já não fala.

.

O mar intui que já chegou

a hora da ilha inerte e envolve

os meus filamentos com o refúgio

do seu tato.

.

Quando as baleias cantam

às sereias a cantiga do murchar,

toda a água retrocede e me deixa

a sós

com a sua sede.


La carne

Despliego mi cuerpo

como una paloma abre

el suyo ante la ciclogénesis

de la vida.

.

Caen mis músculos

hacia la oscuridad en forma

de algas cárnicas y las ballenas

acuden al alimento, pero

uno siempre se detiene

ante lo que ya no habla.

.

El mar intuye que ya llegó

la hora de la isla inerte y envuelve

mis filamentos al abrigo

de su tacto.

.

Cuando las ballenas le cantan

a las sirenas la canción del mustiar,

toda el agua retrocede y me deja

a solas

con su sed.



Revisora da tradução para o Português: Sara I. Veiga 

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s