Home

peter tscerhkassky

Imagem: Peter Tscherkassky

Raida Rodríguez Mosquera

Máquina de guerra (Estaleiroeditora, 2009)

coro dos alumnos dunha escola rural: San Cristovo de Cea,
Ourense, 1984

-non hai organismos vivos, nin revolución, nin proletariado
-non hai teorías globais, universos de sentido para autorizar o presente
soa o telefone mais non contesto
non estou
desfágome en interioridades de doncela guerreira
podendo querer berrar: «si, sei que non son mans de home as que poden matar o dragón, con todo, estas non son mans de home»
(non chegar ao punto de xa non dicir eu, senón a ese punto no cal xa non ten ningunha importancia dicilo ou non dicilo)
eu tamén quero ser exploradora
construírme literariamente
por exemplo:
-os meus pés esmagarán todo o que sexa necesario até que no mundo só fique a musa esférica que me pariu
-de aí o teu pánico ás superficies planas?
-non sei, cando acordei tiña os petos cheos de rebuzados
(predilección polas linguas minorizadas)
-daquela non hai resurrección posíbel?
-nin morte

todos os momentos da miña vida están terribelmente condicionados pola lectura de DELEUZE—GUATTARI (a verdade revelada polas máquinas)
-somos invencíbeis?
-somos
-entón, para que a linguaxe?
-para decidir a historia
-decidir os vencedores e os vencidos?
-decidir o desexo
-está o desexo recollido nalgún compendio ou enciclopedia?
-non, está nas cousas
-naquelas accións que non escolles?
-no acabamento
-na derrota

coro das musas:
non é certo que calquera suxeito poida pórse a si mesmo como acabamento
nin que a linguaxe en si mesma implique un deterioro

-falas de palabras que producen?
-non, falo de superficies aptas para a deslocación


coro dos alunos de uma escola rural: San Cristovo de Cea,
Ourense, 1984

-não há organismos vivos, nem revolução, nem proletariado
-não há teorias globais, universos de sentido para autorizar o presente
toca o telefone mas não atendo
não estou
desfaço-me em interioridades de donzela guerreira
que pode querer berrar: «sim, sei que não são mãos de homem as que podem matar o dragão, contudo, estas não são mãos de homem»
(não chegar ao ponto de já não dizer eu, mas a esse ponto em que já não tem nenhuma importância dizê-lo ou não o dizer)
eu também quero ser exploradora
construir-me literariamente
por exemplo:
-os meus pés esmagarão tudo o que for necessário até que no mundo só fique a musa esférica que me pariu
-Daí o teu pânico às superfícies planas?
-não sei, quando acordei tinha os bolsos cheios de rebuçados
(predileção pelas línguas minorizadas)
-então não há ressurreição possível?
-nem morte

todos os momentos da minha vida estão terrivelmente condicionados pela leitura de DELEUZE—GUATTARI (a verdade revelada pelas máquinas)
-somos invencíveis?
-somos
-então, para quê a linguagem?
-para decidir a história
-decidir os vencedores e os vencidos?
-decidir o desejo
-está o desejo recolhido nalgum compêndio ou enciclopédia?
-não, está nas coisas
-naquelas ações que não escolhes?
-no acabamento
-na derrota

coro das musas:
não é verdade que qualquer sujeito possa pôr-se a si mesmo como acabamento
nem que a linguagem em si mesma implique um deterioramento

-falas de palavras que produzem?
-não, falo de superfícies aptas para a deslocação


coro dos alumnos de una escuela rural: San Cristovo de Cea,
Ourense, 1984

-no hay organismos vivos, ni revolución, ni proletariado
-no hay teorías globales, universos de sentido para autorizar el presente
suena el teléfono pero no contesto
no estoy
me deshago en interioridades de doncella guerrera
pudiendo querer gritar: «sí, sé que no son manos de hombre las que pueden matar al dragón, sin embargo, estas no son manos de hombre»
(no llegar al punto de ya no decir yo, sino a ese punto en el cual ya no tiene ninguna importancia decirlo o no decirlo)
yo también quiero ser exploradora
construirme literariamente
por ejemplo:
-mis pies aplastarán todo lo que sea necesario hasta que en el mundo solo quede la musa esférica que me parió
-¿de ahí tu pánico a las superficies planas?
-no sé, cuando desperté tenía los bolsillos llenos de chancacas
(predilección por las lenguas minorizadas)
-¿entonces no hay resurrección posible?
-ni muerte

todos los momentos de mi vida están terriblemente condicionados por la lectura de DELEUZE—GUATTARI (la verdad revelada por las máquinas)
-¿somos invencibles?
-somos
-¿entonces, para qué el lenguaje?
-para decidir la historia
-¿decidir los vencedores y los vencidos?
-decidir el deseo
-¿está el deseo recogido en algún compendio o enciclopedia?
-no, está en las cosas
-¿en aquellas acciones que no eliges?
-en el acabamiento
-en la derrota

coro de las musas:
no es cierto que cualquier sujeto pueda ponerse a sí mismo como acabamiento
ni que el lenguaje en sí mismo implique un deterioro

-¿hablas de palabras que producen?
-no, hablo de superficies aptas para la dislocación


Revisora da tradução para português: Sara I. Veiga

Advertisement

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s