Home

Imagem: Maya Bloch

Manuel Resende (1948-2020)

Em qualquer lugar (&Etc, 1998), incluido em Poesia Reunida (Cotovia, 2018)

 

PROCURA A CARNE

Procura a carne a carne, e a ferida

Vai-se fechando nesse lento encontro.

Encerra-se o passado ponto a ponto,

Onde havia dor vem a cicatriz.

 

Por si, não é feliz nem infeliz,

Essa estrada que em si a carne traça,

Um saber que não sabe, só perpassa,

E que por onde passa deixa a vida.

 

Nessa ruga aí vamos avançando,

O corpo amado vai envelhecer,

Que Urubu tempo junta estranho bando.

 

Isso que não é, chamam-lhe viver.

Assim se faz o onde, o como, o quando,

O corpo, o campo santo do prazer.


BUSCA LA CARNE

Busca la carne la carne, y la herida

Se va cerrando en ese lento encuentro.

Clausura el pasado punto a punto,

Donde había dolor viene la cicatriz.

 

Por sí, no es feliz ni infeliz,

Esa carretera que en sí la carne traza,

Un saber que no sabe, sólo atraviesa,

Y que por donde pasa deja la vida.

 

En esa arruga ahí vamos avanzando,

El cuerpo amado va a envejecer,

Que Urubú tiempo junta extraño bando.

 

A eso que no es, le llaman vivir.

Así se hace el dónde, el cómo, el cuándo,

El cuerpo, el campo santo del placer.


PROCURA A CARNE

Procura a carne a carne, e a ferida

Vaise pechando nese lento encontro.

Encerrase o pasado punto a punto,

Onde había dor ven a cicatriz.

 

Por si, non é feliz nin infeliz,

Esa estrada que en si a carne traza,

Un saber que non sabe, só atravesa,

E que por onde pasa deixa a vida.

 

Nesa engurra aí imos avanzando,

O corpo amado vai envellecer,

Que Urubú tempo xunta estraño bando.

 

Iso que non é, chámanlle vivir.

Así se fai o onde, o como, o cando,

O corpo, o campo santo do pracer.


 

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s