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Imagem: John Price

João Vário. (1937-2007). Exemplos. Livros 1-9 (edições pequena tiragem. Mindelo, 2000)


Há muito passado no estar aqui com o tempo,

fim e reconhecimento, e não sofrendo nada mais do que o tempo concede,

fim de novo e reconhecimento de novo

e tudo é crime, ou crime sempre, crime ou crime,

criminosissimamente crime,

quando arriscamos a intensidade, comemorando.

Aumento e festa, ou cilício, e tempo de cair e tempo de seguir,

tempo de mal cair e tempo de mal seguir,

oh amamos tanto, amamos tanto estar aqui com o tempo 

e sabendo que há nisso pouco passado.

Porque maiores que os desígnios da vida

são os desígnios da medida e, divididos

em dois por eles, com eles indo, se por eles

ganhamos o tempo, pedimos a forma mais fácil

de indagar que vamos morrer e, um dia, se

o tempo for deles e, a memória, de outros,

havemos de ser úteis como mortos há muito,

sem que a causa, o delírio, a designação,

o julgamento nossa medida abandonem,

dividida em duas por eles, e ganhando constância.

 

Depois, depois faremos ou fará o tempo, por sua vez,

aquele blasfemíssimo comentário,

e então consta que amámos.


Hay mucho pasado en el estar aquí con el tiempo,

fin y reconocimiento, y no sufriendo nada más que lo que el tiempo concede,

de nuevo fin y de nuevo reconocimiento

y todo es crimen, o crimen siempre, crimen o crimen,

criminalísimamente crimen,

cuando arriesgamos la intensidad, conmemorando.

Aumento y fiesta, o cilicio, y tiempo de caer y tiempo de seguir,

tiempo de mal caer y tiempo de mal seguir,

oh amamos tanto, amamos tanto estar aquí con el tiempo

y sabiendo que hay en eso poco pasado.

Porque mayores que los designios de la vida

son los designios de la medida y, divididos

en dos por ellos, con ellos yendo, si por ellos

ganamos el tiempo, pedimos la forma más fácil

de indagar que vamos a morir y, un día, si

el tiempo fuese de ellos y, la memoria, de otros,

habremos de ser útiles como muertos hace mucho,

sin que la causa, el delirio, el designio,

el juicio nuestra medida abandonen,

dividida en dos por ellos, y ganando constancia.

 

Después, después haremos o hará el tiempo, a su vez,

aquel blasfemísimo comentario,

y entonces consta que amamos.


Hai moito pasado no estar aquí co tempo,

fin e recoñecemento, e non sufrindo nada máis do que o tempo concede,

fin de novo e recoñecemento de novo

e todo é crime, ou crime sempre, crime ou crime,

criminalisimamente crime,

cando arriscamos a intensidade, conmemorando.

Aumento e festa, ou cilicio, e tempo de caer e tempo de seguir,

tempo de mal caer e tempo de mal seguir,

oh amamos tanto, amamos tanto estar aquí co tempo

e sabendo que hai niso pouco pasado.

Porque maiores ca os designios da vida

son os designios da medida e, divididos

en dous por eles, con eles indo, se por eles

gañamos o tempo, pedimos a forma máis fácil

de indagar que vamos morrer e, un día, se

o tempo for deles e, a memoria, doutros,

habemos ser útiles como mortos hai moito,

sen que a causa, o delirio, a designio,

o xulgamento nosa medida abandonen,

dividida en dúas por eles, e gañando constancia.

 

Despois, despois faremos ou fará o tempo, por súa vez,

aquele blasfemísimo comentario,

e entón consta que amamos.

 

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